A Action Painting ou pintura de ação foi um movimento artístico surgido no início dos anos 40, em Nova Iorque, que ganhou força expressiva própria, inspirado nas teorias derivadas do conceito de «automatismo psíquico» do Primeiro Manifesto do Surrealismo em 1924, que utilizava uma espécie de “escrita por sinais”, mas, ao mesmo tempo, impulsionado pelas tendências Expressionistas.
A técnica adaptada estava muito longe da arte figurativa, sendo o seu objectivo o próprio acto em si da pintura. O termo Action Painting foi utilizado em 1952, pelo critico de arte norte-americano, Harold Rosenberg. As obras eram produzidas a grande velocidade, simbolizando a urgência da comunicação. Enquanto o resultado obtido era criado pela espontaneidade dos gestos, foi adaptado o termo gestural painting ou pintura gestual para os descrever.
Jackson Pollock (1912-1956), mundialmente reconhecido como o pintor mais representativo da história do Expressionismo Abstrato na pintura, particularmente no que se refere à Action Painting, expressava-se vertendo a tinta diretamente para a tela, através de um tubo ou balde, cobrindo-a em camadas sucessivas e espargindo a tinta numa tentativa de interagir diretamente com a tela, cuja superfície se encontrava horizontalmente estendida no chão.
Franz Kline (1910-1962), por outro lado, utilizava uma vulgar trincha de decorador para fazer a projecção de linhas de cor preta numa superfície branca, com uma veemência gestual de grande impacto visual.
Sam Francis (1923-1994) adaptou métodos idênticos aos de Pollock, utilizando a técnica do espargimento em telas de grande dimensão, mas os resultados obtidos foram menos convincentes. Estes ensaios eram demonstrativos de como na ausência de uma qualquer linha orientadora do processo criativo, um estilo artístico que se baseasse unicamente na combinação das cores recorrendo aos mais variados métodos, corria o risco de ficar reduzido a mera superficialidade decorativa.
Contudo, a Wilhelm de Kooning (1904-1997) deverá ser reservado um lugar especial neste movimento, que, enquanto definitivamente um artista gestual, mantinha um cunho de uma essência realista. As suas obras são abstrações dinâmicas que, não obstante, apresentam formas orgânicas ou biomórficas. A figura humana é um tema central: por ex., no seu trabalho em série «Women» (Mulheres), as figuras são dificilmente discerníveis, mesmo que a trincha tenha distorcido a sua forma no processo criativo da construção ou no da destruição. As figuras parecem estar prestes a desintegrar-se e, no entanto, impressionam pela sua presença através do rodopio de cor em que imergem.
As obras de Pollock e a action painting, tornadas estilo, tiveram forte impacto em diversos países da Europa a partir de 1960. Na Europa, foi dado o nome de Art Informel ou Informalismo ao movimento artístico que utilizou a técnica da pintura de ação, tendo sido o pintor francês Jean Fautrier (1898-1964) o percursor desse movimento.
Em 1954, esta técnica teve outros desenvolvimentos artísticos, tendo sido adaptado o termo de Tachisme pelo crítico francês Charles Estienne, para descrever uma forma de pintura caracterizada pela técnica da mancha, a partir da dispersão da tinta sobre a tela. Jean Fautrier utilizou esta técnica, dando às suas obras uma consistência táctil construindo camadas disformes de têmpera (cal e cola), espessadas em cor branca, resultando em superfícies pastosas de intensidade dramática. No seu trabalho em série «Hostages» (Reféns), esta metodologia evocou, de uma forma brilhante, a reação de Fautrier ao massacre dos prisioneiros de guerra. Os seus quadros produziam um efeito de profundeza e poder.
Apesar de terem sido vários os estilos adaptados sob a designação de Arte Informal, prevaleceu um denominador comum na maior parte das obras traduzido pela sua natureza autobiográfica. Elas transformaram-se simbolicamente no espelho da natureza intrínseca do artista, refletindo a sua objecção à aparente falta de individualidade na sociedade industrial contemporânea.
Action Painting no Brasil
No Brasil, parece temerário pensar em seguidores das pesquisas iniciadas pelo expressionismo abstrato. Ainda que alguns críticos aproximem as obras de Manabu Mabe (1924-1997), Tomie Ohtake (1913), Iberê Camargo (1914-1994) e Flavio-Shiró (1928) dessa vertente, elas parecem se ligar antes ao tachismo ou ao abstracionismo lírico, adotado também por Cicero Dias (1907-2003) e Antonio Bandeira (1922-1967). Nos anos 1980, a obra de Jorge Guinle (1947-1987) aparece como exemplo de leitura particular da pintura de De Kooning.
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